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sábado, 20 de setembro de 2008

QUEM VIVER, VERÁ!

No delicioso livro, “Análise dos Conceitos”, o autor, claro, aborda a temática sugerida pelo titulo e a explica fazendo um mergulho na história, cultura, etimologia etc, a fim de alcançar a essência dos conceitos, muitas vezes, diluídos em seus usos e costumes. Falando de conceitos, há de se diferenciar o binômio, conhecimento e sabedoria. Conhecimento é adquirido, vem pela informação, passa pela academia, pela cátedra, pela sala de aula, pelos livros, pelas idéias, está na base da intelectualidade ocidental. A própria ciência, se arvora dele, para se auto-gloriar como deus desse mundo. Eu e você conhecemos homens e mulheres cheios de conhecimentos. Há poucos dias ouvi de uma pessoa a observação sobre uma outra que dizia: Ele é uma enciclopédia! Qual o significado de tal afirmação? É óbvio, aquela pessoa tem um conhecimento acima dos demais, ela versa sobre todos os assuntos, com muita facilidade, eis a enciclopédia. No entanto, a especificação do conhecimento, acabou por produzir aquilo que chamo de ‘ilhas’. Ilha, diz o dicionário, é uma porção de terra cercada de água por todos os lados. Para ficar somente nas ciências médicas; é possível, ver um médico, absolutamente capaz, competente e detentor de apurado conhecimento de um órgão do corpo humano, como o coração, e não ter o conhecimento suficiente para diagnosticar uma lesão lítica, por exemplo. A sabedoria, por sua vez, não passa pela universidade. Ela é forjada nas entranhas do individuo, moldado pela formação que lhe é revelada, não pela escrita, mas pela natureza, pela contemplação, pelos ancestrais, pela cultura ou mesmo pela religião. A sabedoria de um homem pode não fazë-lo ganhar muito dinheiro, mas tem a capacidade de dizer o que é o dinheiro. Existe muito conhecimento, mas pouca sabedoria. Temos muitos cientistas, mas poucos sábios. Há muita ciência, e escassa sapiência. O dito popular pode não ter muita ciência, mas é sábio, quando diz: “Quem viver, verá”. Está no imaginário popular e representa a esperança existencial de que os anos vividos podem ser os juizes de nossas expectativas, ou seja, o que hoje é absurdo, amanhã pode não ser; o que no presente é inimaginável, no futuro, pode ser tão normal como às águas de março; o que no passado foi inegociável, inalienável, irremediável, no presente pode estar na mesa de negociação e na ordem do dia da agenda. Passo a relatá-los uma experiência inusitada, curiosa e no mínimo triste, claro depende do ponto de vista, que acabo de ter. Passava pela opulente Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte, semanas atrás, próximo à charmosa Praça Sete, e vejo uma manifestação política-partidária entusiástica. Até aqui, nada de mais, afinal, neste período, esperamos exatamente isso, que os efêmeros se juntem numa tentativa lúdica de convencimento da massa para seus projetos de chegada ao poder. O fato estranho está nos símbolos gravados nas bandeiras que se agitavam pelo vento firmadas nas mãos de mulheres ávidas por vinte reais no final do dia; dois símbolos, juntos, irmanados, desafiando a história e fazendo sangrar aqueles que já não sonham, mas sonharam... Ei-los: uma estrela vermelha e um tucano azul e amarelo. Nunca pensei que vivesse para ver tal acontecimento, mas vivi e vi. Perplexo? Talvez sim, talvez não. Sinceramente, na encruzilhada daquelas ruas me encontrei e me vi, fui e voltei, parei. Assim, evoco a saudosa memória do mineiro de Itabira, Carlos Drumonnd de Andrade e pergunto como ele o fez: E agora, José?

2 comentários:

Agronews disse...

Apenas um fragmento extraído do sítio do Reverendo Caio Fábio, disponível em http://www.caiofabio.com/novo/caiofabio/pagina_conteudo.asp?CodigoPagina=0322100005, “Assim ficaria o texto de Paulo: Eu esmurro o meu corpo e eu o reduzo à escravidão, para que depois de eu ter pregado a outros, eu não venha a ser desqualificado. Desse modo há um eu que deve ser maior do que o que é meu sem ser eu, no sentido mais profundo do termo. O que de fato gera sombra e neurose no ser não é a negação do instinto quando deseja colocar o eu sobre a escravidão dos desejos e caprichos. O que gera sombra e neurose é justamente negar ao eu a verdade, entregando-se aos desejos caprichosos como se fossem essenciais e senhores de nosso sentido de ser. Ou então, neurose e sombra crescem em nós quando entramos no processo de negação da verdade em razão de nos submetermos às leis externas da moral e do capricho, quando elas nada têm a ver com a verdade do Evangelho.” Juarez.

José Marcelo Fernandes Domingos disse...

Juarez, amigo de sempre, obrigado pelo seu comentário e pela sua visão do momento. Estas palavras muito me abençoaram.